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Tarifas

3 setembro 2025 14:00 RaboResearch

O governo americano divulgou, em 30 de julho, uma extensa lista de produtos que seriam isentos da tarifa adicional de 40%, entre eles o suco de laranja e a celulose. No entanto, para as exportações brasileiras de café, carne bovina e açúcar, a tarifa passou a vigorar em agosto.

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Alívio para uns, incerteza para outros

Depois de anunciar, no dia 9 de julho, uma tarifa de importação de 50% (composta por uma tarifa base de 10% e uma tarifa adicional de 40%) para importações do Brasil, o governo americano divulgou, no dia 30 de julho, uma lista extensa de produtos que seriam isentos da tarifa adicional de 40%.

Entre os produtos do agronegócio isentos da tarifa adicional estão suco de laranja e celulose. Mas, outros produtos relevantes no fluxo de comércio internacional do Brasil para os EUA, como café, carne bovina e açúcar, não foram incluídos na isenção e passaram a estar sujeitos à tarifa de 50% a partir do dia 6 de agosto.

O raciocínio por trás da seleção de alguns setores e produtos para isenção e manter a tarifa alta para outros, não é claro. Nos casos de suco de laranja e de celulose, pode ser argumentado que a dependência dos EUA das importações brasileiras é relevante, mas a mesma lógica se aplica ao caso de café, que permanece com tarifa de 50%.

Embora a substituição completa do café brasileiro seja improvável, a competitividade do Brasil foi significativamente afetada pela medida.

Como estratégia de curto prazo, a indústria americana de café deve, no primeiro lugar consumir os estoques atuais. Também pode explorar o uso de armazéns alfandegados, onde o café pode ser armazenado sem pagamento imediato de tarifas, na esperança de uma mudança favorável da situação.

No caso de carne bovina, a dinâmica tem sido diferente - mesmo com a imposição de tarifas adicionais pelos EUA a partir de 6 de agosto, os embarques se mantiveram fortes até a quarta semana do mês, com aumento de 35% nos embarques diários e 70% no faturamento, no comparativo anual. A expectativa é que, mesmo com uma queda de até 50% nos embarques a partir de setembro, o volume total exportado aos EUA em 2025 ainda registre alta de 15% em relação a 2024, chegando a 263 mil toneladas.

Para açúcar, olhando para a totalidade das exportações brasileiras, os EUA representam só uma pequena fatia do bolo. Porém, é um mercado bem relevante para as exportações do Brasil de açúcar orgânico, que serão prejudicadas pela tarifa de 50%. Ainda assim, pelo menos no curto prazo, parece impossível para a oferta de açúcar orgânico de outros exportadores substituir 100% do produto brasileiro no mercado americano – simplesmente não tem produção suficiente fora do Brasil para isso acontecer.

Pontos de Atenção

    As tarifas entraram em vigor no final do período de pico de consumo doméstico da carne bovina dos EUA, que ocorre sazonalmente de maio a agosto. Por isso, é possível que, nos próximos meses, haja uma redução na demanda por parte dos compradores dos EUA pelas exportações brasileiras. O Brasil tem uma cota de 155 mil toneladas para exportar açúcar para os EUA sob condições preferenciais, e essa cota é exclusivamente alocada para as usinas do Nordeste. A tarifa de 50% também se aplica a essa cota. Isso prejudica a receita dessas exportações, mas não necessariamente as torna inviáveis.

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Este artigo faz parte de: Rabobank Agroinfo Setembro 2025

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