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Soja

3 setembro 2025 14:00 RaboResearch

A continuidade da guerra tarifária entre Estados Unidos e China, somada à ausência de compras chinesas da soja estadunidense, tem mantido elevado o apetite pelo produto brasileiro — ao menos até meados de outubro de 2025.

Intro

Prêmios firmes compensam fundamentos baixistas da soja

De acordo com dados da Secex, entre janeiro e julho de 2025, as exportações brasileiras de soja totalizaram 77 milhões de toneladas, um avanço modesto de 2% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Apesar do crescimento discreto até o momento, o RaboResearch projeta que as exportações da safra 2024/25 alcancem 110 milhões de toneladas. Esse volume reforça a expectativa de que o Brasil seguirá atuando de forma relevante no mercado internacional ao longo do segundo semestre — período tradicionalmente dominado pelas exportações dos EUA com destino à China.

Esse contexto tem influenciado diretamente os prêmios de exportação nos portos brasileiros, que vêm desempenhando um papel crucial na sustentação dos preços internos. Em agosto, as cotações da soja no mercado doméstico permaneceram praticamente estáveis em relação ao mesmo mês de 2024, mesmo diante de fundamentos que, em condições normais, tenderiam a exercer pressão baixista.

Entre esses fundamentos, destacam-se a safra recorde colhida no Brasil em 2024/25 e a continuidade da recomposição dos estoques globais da oleaginosa.

Ainda assim, a persistência da guerra tarifária entre Estados Unidos e China — combinada à ausência de compras chinesas da soja estadunidense — tem mantido a demanda aquecida pelo produto brasileiro, ao menos até meados de outubro de 2025.

Nesse cenário, os prêmios seguem firmes, o que tem contribuído para sustentar os preços internos, mas também pressiona as margens de esmagamento no mercado local, mesmo diante de uma oferta abundante. A continuidade desse movimento dependerá, sobretudo, da evolução das negociações comerciais entre EUA e China, além da dinâmica cambial, que segue como fator relevante na formação dos preços em moeda local.

Para a safra 2025/26, a expansão da área plantada de soja no Brasil deve ser limitada, com crescimento estimado em apenas 1,5% — bem abaixo da média histórica de 3,5%. Considerando a tendência para a produtividade, isso levará o Brasil a uma produção estimada de 175 milhões de toneladas para a próxima safra. O estreitamento das margens, as elevadas taxas de juros e as incertezas geopolíticas têm reduzido o apetite por novos investimentos e limitado o potencial de expansão da cultura no país.

Pontos de Atenção

    De acordo com o calendário agrícola, o vazio sanitário chega ao fim nas próximas duas semanas em alguns Estados, período crucial para prevenir doenças como a ferrugem asiática. A partir de 1º de setembro, produtores do Paraná poderão iniciar o plantio da soja, seguidos por Mato Grosso no dia 7.

    No primeiro semestre de 2025, o esmagamento de soja alcançou 28,8 milhões de toneladas, estabelecendo um recorde para o período. Contudo, em junho-25 houve uma contração de 7% em relação a maio-25. O estreitamento das margens de esmagamento tem sido influenciado pelos atuais níveis de preço da soja.

Geopolítica mantém prêmios elevados

Preço em Chicago vs. Mato Grosso, agosto 2023 - agosto 2025

agroinfo setembro 2025 soja fig 1
Fonte: Bloomberg

Relação estoque/consumo mundial, 2017/18 – 2025/26e

agroinfo setembro 2025 soja fig 2
Fonte: USDA
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Este artigo faz parte de: Rabobank Agroinfo Setembro 2025

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