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Cana, Açúcar e Etanol

3 setembro 2025 14:00 RaboResearch

O preço em Nova Iorque parece ter encontrado um piso na faixa de 16 a 17 US c/lp, impulsionado pelo balanço apertado do mercado de etanol.

Intro

O preço do açúcar já encontrou um piso?

O preço do açúcar bruto em Nova Iorque ficou preso na faixa de 16 a 17 US c/lp ao longo do terceiro trimestre de 2025. Apenas o contrato de março de 2026 se mantém levemente acima dos 17 US c/lp, enquanto o restante da curva de futuros até outubro de 2026 segue abaixo deste nível. Os fundos continuam com uma posição líquida vendida de peso, embora a fonte dessa convicção não seja imediatamente óbvia ao olhar os fundamentos. Será que preço já encontrou um piso?

No Centro-Sul, as preocupações a respeito da safra permanecem — e até ganharam força com a divulgação dos resultados. A qualidade da cana continua baixa, com o teor de ATR por tonelada de cana 4,5% abaixo em relação ao ano passado, com base nos resultados acumulados até meados de agosto. Em compensação, chama atenção o mix: 52,5% de açúcar no acumulado até meados de agosto, e 55% de açúcar na 1ª quinzena de agosto.

Mesmo assim, a moagem e a produção de açúcar da safra atual estão, no acumulado, de 5% a 6% abaixo da safra passada, e a chance da produção total de açúcar chegar a 40m mt é visto como cada vez mais distante. O RaboResearch trabalha hoje com uma projeção de moagem de 587m mt cana, um mix de 51,5%, e produção de açúcar de 39,6m mt.

Aos olhos do mundo, com a safra brasileira no seu auge, não parece haver falta de açúcar no mercado. As notícias vindas da Índia e da Tailândia continuam apontando para safras maiores. Para a Índia, a expectativa é que a produção atinja o equivalente a 34,9m mt de açúcar, das quais 4,5m mt serão destinadas à produção de etanol, restando ainda espaço para 2,0m mt de exportações de açúcar. Olhando mais adiante, as perspectivas preliminares para a safra 2026/27 no Centro-Sul do Brasil devem pesar mais na avaliação do balanço global de oferta e demanda de açúcar. Enquanto isso, os preços de etanol seguem firmes. A mistura obrigatória de anidro na gasolina subiu de 27% para 30% no começo de agosto e a evolução da safra até agora sinaliza uma queda relevante — de até 4,0bi litros — na produção de etanol de cana em 2025/26. Parte será compensada pelo aumento da produção de etanol de milho, que deve passar de 8,2bi litros para quase 10,0bi litros.

Com isso, os preços de etanol têm subido, refletindo uma perspectiva de estoques reduzidos na entressafra. Esse movimento contribui para sustentar o preço do açúcar, pela arbitragem que poderia abrir em estados como Goiás e Mato Grosso do Sul. Assim, considerando o atual pano de fundo de câmbio e de preço da gasolina, junto com os fundamentos dos mercados de açúcar e de etanol, parece que chegamos ao piso.

Pontos de Atenção

    As tendências dos preços internacionais de gasolina e do câmbio nos próximos meses merecem atenção. Caso esses fatores abram espaço para mais uma redução do preço da gasolina pela Petrobras, isso poderá ter consequências para o preço de etanol.

    Embora seja muito cedo, a visão inicial é de uma safra com potencial produtiva grande, dadas as condições climáticas favoráveis em 2025 até agora e a percepção de que uma área maior de plantio em 2024/25 confere potencial para aumento da área colhida e ganhos de produtividade.

O preço do açúcar já encontrou um piso?

Preços de açúcar e etanol, agosto 2023 – agosto 2025

agroinfo setembro 2025 cane fig 1
Fonte: Bloomberg

Balanço oferta/demanda de açúcar no mundo, 2016/17 – 2025/26p

agroinfo setembro 2025 cane fig 2
Fonte: ISO, RaboResearch
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Este artigo faz parte de: Rabobank Agroinfo Setembro 2025

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