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Algodão

3 setembro 2025 14:00 RaboResearch

Pelo terceiro ano consecutivo, o país deve alcançar uma safra histórica de pluma. Segundo estimativas do RaboResearch, a produção em 2024/25 pode atingir 4,0 milhões de toneladas, consolidando o avanço da cotonicultura nacional.

Intro

Brasil colhe a terceira safra recorde consecutiva

A safra recorde de algodão registrada no Brasil em 2023/24 impulsionou significativamente as exportações de pluma. Entre agosto de 2024 e julho de 2025, os embarques brasileiros atingiram um volume histórico de 2,8 milhões de toneladas — um crescimento de 6% em relação ao mesmo período do ano anterior. O país vem consolidando sua posição no mercado internacional, ocupando uma fatia que tradicionalmente pertencia aos Estados Unidos. Fatores como condições climáticas, margens de rentabilidade, tensões geopolíticas e o modelo de seguro agrícola estadunidense têm contribuído para a redução dos investimentos na cotonicultura dos EUA, enquanto o Brasil apresenta uma dinâmica mais favorável.

Após 36 anos, a área destinada ao cultivo de algodão no Brasil voltou a ultrapassar a marca de 2 milhões de hectares. Esse avanço é sustentado por um aumento de 7% na área plantada em relação à safra anterior, aliado a uma janela climática positiva durante o desenvolvimento das lavouras. Com isso, espera-se que o país alcance, pelo terceiro ano consecutivo, uma nova safra recorde de pluma.

Segundo estimativas do RaboResearch, a produção brasileira em 2024/25 deverá atingir 4,0 milhões de toneladas, representando um incremento de 250 mil toneladas em relação ao ciclo anterior.

Apesar dos avanços na oferta, o cenário de demanda global tem limitado os preços recebidos pelo produtor e, consequentemente, as margens no campo. O atual contexto macroeconômico — marcado por sinais de desaceleração do crescimento global e, no Brasil, pela elevação das taxas de juros — pode levar os produtores a frear investimentos mais robustos no setor, como expansão de área, aumento da capacidade de beneficiamento e melhorias logísticas.

Além disso, não se espera uma recuperação significativa dos preços da pluma nos próximos meses. Paralelamente, as condições climáticas favoráveis na China e na Índia — que são, respectivamente, o primeiro e o segundo maiores consumidores da pluma — devem favorecer a produção local, reduzindo a necessidade de importações por parte desses importantes players.

Esse conjunto de fatores, somado ao avanço da colheita no Brasil, resultou em uma queda de aproximadamente 3% nos preços da pluma no Mato Grosso, enquanto os preços internacionais (NY) apresentaram uma retração mais modesta, de 1%. Diante desse cenário, o Brasil segue ampliando sua relevância como fornecedor global, mas enfrenta o desafio de manter a competitividade em um mercado pressionado por custos, concorrência e incertezas econômicas.

Pontos de Atenção:

    De acordo com o IMEA, em agosto de 2025, os preços do caroço de algodão registraram queda de 12% em relação ao mês anterior, acompanhando o movimento de retração observado também na pluma. Essa desvalorização reflete o aumento da oferta esperado com o avanço da colheita. O processo inflacionário global e a queda de aproximadamente 15% nos preços do petróleo nos últimos doze meses têm intensificado a concorrência entre a fibra natural e a fibra sintética, o que pode limitar o consumo mundial de algodão na temporada 2025/26.

Demanda global desafiadora em 2025/26

Preço em Nova Iorque (NY) vs. Mato Grosso, agosto 2023 – agosto 2025

agroinfo setembro 2025 algodao fig 1v2
Fonte: Bloomberg

Relação estoque/consumo mundial, 2017/18 – 2025/26e

agroinfo setembro 2025 algodao fig 2v2
Fonte: USDA
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Este artigo faz parte de: Rabobank Agroinfo Setembro 2025

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