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3 setembro 2025 14:00 RaboResearch

Vemos o dólar a R$ 5,75 no fim de 2025. A política comercial americana e diferencial de juros apreciam o real no curto prazo. Mas, riscos geopolíticos e fiscal podem fazer o real voltar a se depreciar.

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Tarifa e fiscal preocupam, juros e dólar global aliviam

Os acordos comerciais dos EUA com o Japão e a UE sugerem um cenário de guerra comercial mais benigno, levando a um menor aumento na inflação e menos danos econômicos do que o previsto anteriormente, reduzindo a probabilidade de uma recessão nos EUA. Embora o impacto das tarifas na inflação permaneça incerto, o Fed enfrenta um choque estagflacionário menos severo, potencialmente aliviando a paralisia política e levando a cortes de juros em setembro, com um ciclo de cortes mais agressivo previsto para o próximo ano à medida que os diretores indicados por Trump ganham influência. Por enquanto, o cenário global não favorece a moeda norte-americana. O dólar perdeu quase 10% contra moedas desenvolvidas desde o início do ano.

O cenário externo continua instável, com tarifas dos EUA prejudicando exportações e PIB brasileiro. Internamente, os dados recentes mostram desaceleração econômica, com crédito apertado e aumento da inadimplência, enquanto o mercado de trabalho se mantém firme, com desemprego em 5,8%. No 2S25, há risco de desaceleração adicional devido às tarifas e desafios políticos, mas os pagamentos de precatórios e aumento de empréstimos consignados podem estimular o consumo das famílias. Projetamos crescimento do PIB de 2,0% em 2025 e 1,3% em 2026.

O IPCA mostra sinais de moderação, passando de 5,4% a/a em junho para 5,2% a/a em julho. Apesar da melhora, o índice ainda está muito acima do teto da meta. A política fiscal mantém-se compatível com a meta de 2025, mas ainda preocupa. O governo lançou um plano de contingência para enfrentar o impacto do tarifaço de 50%, estimando um efeito de R$ 9,5 bilhões nas contas fiscais primárias até 2026.

Na reunião de julho, o Copom decidiu unanimemente manter a taxa Selic em 15,00% a/a, justificando a decisão com base nas incertezas externas e domésticas, como as tarifas comerciais e sinais mistos dos indicadores econômicos, como crédito apertando e mercado de trabalho ainda aquecido. Acreditamos que o BCB só irá começar a cortar os juros no 2T26.

O anúncio das exceções tarifárias trouxe alívio ao mercado, favorecendo o real devido ao enfraquecimento global do dólar e ao diferencial de juros domésticos. Embora as tarifas reduzam o saldo comercial, o impacto deve ser limitado. No médio prazo, fatores como dúvidas sobre o crescimento global, riscos geopolíticos e incertezas fiscais devem impactar moedas emergentes, elevando o prêmio de risco. Com isso, projetamos o dólar a R$ 5,75 ao fim de 2025.

Pontos de Atenção

    Como vetores de apreciação do real brasileiro frente ao dólar, incluem o enfraquecimento global do dólar devido às tarifas americanas, e o aumento no diferencial de juros (com apenas um corte nos Fed Funds e a Selic mantida até 2T26). Como vetores de depreciação do real brasileiro frente ao dólar, temos quadro de crescimento global anêmico, riscos geopolíticos globais e dúvida quanto à natureza da fraca e lenta consolidação fiscal doméstica.

Vemos o dólar voltando a 5,75 em 2025

Projeção do dólar (USD/BRL)

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Fonte: Bloomberg, RaboResearch
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Este artigo faz parte de: Rabobank Agroinfo Setembro 2025

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