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Celulose

3 setembro 2025 14:00 RaboResearch

Aumento da oferta na China e na América do Sul continua pressionando negativamente os preços globais da celulose no terceiro trimestre.

Intro

Recuperação nos preços ainda deve atrasar

O mercado global de celulose segue absorvendo o aumento de capacidade, e apesar dos preços baixos, a demanda ainda não demonstra sinais suficientes para sustentar um ciclo imediato de altas relevantes. Além do incremento de produção proveniente das novas linhas inauguradas na América do Sul nos últimos dois anos, a oferta global continua sendo impulsionada por projetos integrados na China, que devem adicionar cerca de 4 milhões de toneladas entre 2025 e 2027.

Os estoques globais de celulose de fibra curta permanecem em tendência de alta, conforme dados do PPPC (Pulp and Paper Products Council), passando de 44 dias equivalentes em abril para 50 dias em maio de 2025 (último dado disponível). Já os estoques de fibra longa subiram de 44 para 49 dias equivalentes no mesmo período. Vale a pena sinalizar que a diferença de preço entre os dois tipos de celulose continua elevada e sugere substituição de fibra longa por curta para alguns compradores como estratégia vantajosa. Apesar dos anúncios de aumentos de preços, o valor da celulose de fibra curta na China permanece próximo de US$500/t em agosto, com expectativa de altas apenas moderadas nos próximos meses. Espera-se que os compradores chineses aproveitem o momento de preços baixos para recompor seus estoques, o que pode oferecer sustentação adicional ao mercado.

Com relação às tarifas de importação nos EUA, a manutenção da alíquota de 10% para a celulose brasileira trouxe alívio ao setor. Em 2024, as exportações brasileiras de celulose de fibra curta representaram 80% do total importado pelos EUA, evidenciando a relevância do Brasil como fornecedor estratégico. Com a tarifa de 10%, o Brasil se mantém no mesmo patamar que Chile e Uruguai, enquanto a União Europeia enfrenta uma alíquota de 15% e a Indonésia, de 19%.

Anúncios adicionais de paradas não programadas continuam surgindo e devem contribuir para o reequilíbrio do mercado no final de 2025. A Suzano anunciou uma redução de 470 mil toneladas ao longo dos próximos 12 meses, equivalente a 3,5% de sua capacidade. A UPM, por sua vez, comunicou uma redução de 68 mil toneladas na Finlândia até setembro, somando-se a outras paradas na produção de fibra longa nos países nórdicos. Ainda assim, o ritmo de paradas não programadas em 2025 está 50% abaixo do registrado em 2024, indicando espaço para novos anúncios caso os preços globais não apresentem reação no curto prazo.

Por fim, as prováveis condições leves de La Niña no restante de 2025 podem favorecer o setor florestal, com aumento moderado de chuvas em regiões estratégicas do Centro-Oeste e Sudeste, contribuindo para a produtividade das florestas.

Pontos de Atenção:

    Produtos de madeira de pinus e eucalipto, especialmente madeira serrada, molduras, painéis, portas e compensados produzidos no sul do Brasil (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul) — ficaram sujeitos à tarifa de 50% para exportação aos EUA. Oferta limitada de mão de obra no Mato Grosso do Sul continua no radar das empresas do setor, principalmente considerando possíveis novos projetos de expansão da produção de celulose no estado.

Oferta elevada continua pressionando preços

Exportações mensais de celulose 2022-2025

agroinfo setembro 2025 cellulose fig 1
Fonte: Secex, RaboResearch 2025

Preço da celulose de eucalipto na China 2022-2025

agroinfo setembro 2025 cellulose fig 2
Fonte: Macrobond 2025
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Este artigo faz parte de: Rabobank Agroinfo Setembro 2025

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