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Milho

3 setembro 2025 14:00 RaboResearch

A elevada competitividade do milho dos EUA no mercado internacional tem limitado o ritmo das vendas externas do Brasil, que acumulam queda de 25% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Intro

Safra recorde nos EUA pressiona CBOT e aumenta concorrência

Além da confirmação de uma safra recorde de milho no Brasil, estimada pelo RaboResearch em 140 milhões de toneladas, o USDA também reportou, no último mês, uma produção histórica nos Estados Unidos. Segundo o órgão, a safra dos EUA atingirá 425 milhões de toneladas, um acréscimo de mais de 26 milhões de toneladas em relação à estimativa anterior. O aumento da área plantada e as condições climáticas favoráveis às lavouras foram determinantes para esse resultado, garantindo uma oferta robusta no início da temporada 2025/26.

A perspectiva de uma produção global recorde tem reduzido os preços internacionais do cereal. Na Bolsa de Chicago, as cotações do milho recuaram cerca de 6% ao longo de agosto de 2025. Apesar do avanço nas exportações estadunidense, o aumento da oferta global acima do esperado deve manter os preços sob pressão nos próximos meses.

Enquanto os preços internacionais apresentaram queda expressiva, o mercado interno brasileiro mostrou relativa estabilidade em relação a julho de 2025. A demanda aquecida das usinas de etanol à base de milho contribuiu para sustentar os preços domésticos. No entanto, o desempenho das exportações brasileiras merece atenção.

A forte concorrência com o milho estadunidense tem limitado o ritmo das vendas externas do Brasil, que acumulam uma queda de 25% em relação ao mesmo período do ano anterior. Nos Estados Unidos, o avanço da colheita nas próximas semanas deverá impulsionar os embarques do maior produtor e exportador global de milho. Além disso, a recente redução do imposto de exportação argentino — conhecido como retenciones — tende a aumentar a competitividade do milho argentino frente ao produto brasileiro. Nesse contexto, o câmbio terá papel estratégico para que o milho brasileiro consiga preservar sua competitividade frente aos principais concorrentes no mercado internacional.

Segundo o IMEA (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária), a comercialização do milho em Mato Grosso alcançou 62%, quatro pontos percentuais acima do registrado no mesmo período de 2024. Os preços mais elevados observados no primeiro trimestre de 2025 favoreceram esse avanço. No entanto, o início das chuvas em setembro e a limitada capacidade de armazenagem poderão acelerar o ritmo das vendas nos próximos meses. Combinados à concorrência crescente do milho estadunidense e argentino, esses fatores tendem a pressionar as cotações do cereal e limitar o desempenho das exportações brasileiras ao longo de 2025.

Pontos de Atenção

    De acordo com a Conab, até o dia 23 de agosto, a colheita do milho safrinha no Brasil alcançou 95% de avanço. Em Mato Grosso, responsável por cerca de metade da produção nacional, os trabalhos já foram concluídos. Com o encerramento da colheita, cresce a preocupação com a capacidade de armazenagem na região, que pode enfrentar maior pressão logística nas próximas semanas.

    No acumulado do ano, o consumo de milho para a produção de etanol, nos primeiros oito meses de 2025, alcançou 14,5 milhões de toneladas, representando um aumento de 18% em relação ao mesmo período do ano anterior. A expansão da produção de etanol de milho tem impulsionado a demanda interna pelo cereal.

Oferta global recorde pressiona preços de milho

Preços em Chicago vs. Campinas, agosto 2023 - agosto 2025

agroinfo setembro 2025 milho fig 1
Fonte: Bloomberg

Relação estoque/consumo mundial, 2017/18 – 2025/26e

agroinfo setembro 2025 milho fig 2
Fonte: USDA
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Este artigo faz parte de: Rabobank Agroinfo Setembro 2025

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