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Soja - Agroinfo Junho 2025
No cenário internacional, projeta-se, pela quarta temporada consecutiva, uma recomposição dos estoques globais ao final da safra 2025/26. Esse movimento é impulsionado, sobretudo, pela expansão da produção brasileira da oleaginosa.

Entre tarifas, prêmios e competitividade
Os atuais conflitos geopolíticos têm potencial para alterar significativamente a competitividade da soja no mercado internacional, alterando os fluxos comerciais da oleaginosa. O Brasil costuma liderar as exportações no primeiro semestre, período em que há maior oferta de soja e os portos concentram suas operações no complexo da oleaginosa, sem a concorrência do milho. Já nos Estados Unidos, as exportações se intensificam entre setembro e dezembro.
Para a safra 2024/25, é importante destacar que parte das exportações norte-americanas de soja para a China já foi realizada no final de 2024. No entanto, permanece uma grande incerteza quanto à manutenção das tarifas a partir de setembro de 2025. Atualmente, vigora uma tarifa de 10% sobre as importações de soja dos EUA pela China. Caso essa tarifa seja mantida durante o início da colheita norte-americana, é possível que a demanda chinesa se volte ao Brasil, o que poderia impulsionar os prêmios no mercado local. Por outro lado, um eventual acordo entre EUA e China que resulte na remoção dessas tarifas no momento do embarque pode pressionar os prêmios brasileiros, especialmente em um cenário de margens mais apertadas. Nesse contexto, aumenta o risco de armazenar a soja por mais tempo e vendê-la posteriormente a preços ainda menos atrativos.
Em meio à crescente influência dos fatores geopolíticos sobre o mercado global de soja, os fundamentos tradicionais de oferta e demanda têm perdido protagonismo na formação dos preços. No Brasil, mesmo com a estimativa de uma safra recorde de 172 milhões de toneladas, esse fator não foi determinante para a precificação da oleaginosa no primeiro semestre de 2025. No cenário internacional, projeta-se, pela quarta temporada consecutiva, uma recomposição dos estoques globais ao final da safra 2025/26. Esse movimento é impulsionado, sobretudo, pela expansão da produção brasileira, sustentada tanto pelo aumento da área cultivada quanto pelos ganhos contínuos em produtividade.
Em junho de 2025, a Bolsa de Chicago (CBOT) registrou uma queda de 14% nos preços em relação ao mesmo período do ano anterior. No entanto, no Mato Grosso, principal estado produtor brasileiro, a desvalorização foi mais moderada, com recuo de apenas 3%. Essa diferença se explica, em grande parte, pelo comportamento dos prêmios de exportação, que atuaram como fator de sustentação dos preços internos. Adicionalmente, a valorização do real frente ao dólar tem exercido pressão sobre os preços da soja em moeda local, ao mesmo tempo que favorece a competitividade dos produtos norte-americanos no mercado internacional.
Pontos de Atenção
Recentemente, os preços do óleo de soja na Bolsa de Chicago (CBOT) registraram alta, impulsionados pelo aumento do percentual de mistura de biodiesel ao diesel nos Estados Unidos. Essa mudança regulatória tende a estimular o esmagamento de soja no país, ampliando a demanda pelo óleo como matéria-prima para a produção de biocombustíveis.
De acordo com a Secex, as exportações acumuladas de soja entre janeiro e junho alcançaram 51,5 milhões de toneladas, um aumento de 3% em relação ao mesmo período do ano anterior. Considerando a escalada tarifária entre Estados Unidos e China, o crescimento das exportações foi moderado no primeiro semestre de 2025.
Estoques globais crescem 1% em 2025/26
Preço em Chicago vs. Mato Grosso, junho 2023- junho 2025

Relação Estoque/Consumo mundial, 2017/18 – 2025/26e
