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Câmbio - Agroinfo Junho 2025

7 janeiro 2018 17:02 RaboResearch

Vemos o dólar a R$ 5,90 no fim de 2025. Política comercial americana e diferencial de juros apreciam o real no curto prazo. Mas, riscos geopolíticos e fiscal podem fazer real voltar a se depreciar.

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Turvo devido a tensões comerciais, geopolíticas e fiscais

O 2T25 iniciou-se sob um cenário de incerteza, decorrente do aumento das tarifas de importação impostas pelos EUA, particularmente sobre produtos chineses, impactando negativamente o comércio bilateral. Apesar de uma trégua em junho, as tarifas sobre as exportações chinesas continuam vigentes. Em um contexto de intensificação das tensões geopolíticas, as negociações de acordos comerciais permanecem inconclusas, elevando o risco de rupturas das cadeias globais de produção. Paralelamente, o Fed enfrenta desafios relacionados à inflação moderada. O Rabobank projeta uma recessão leve no 3T25 e só vê um corte nas taxas de juros pelo Fed em setembro, embora os riscos permaneçam elevados devido à imprevisibilidade da guerra comercial.

No cenário doméstico, os dados de atividade são ambíguos. Por um lado, o mercado de trabalho mostra-se aquecido, com aumento na massa salarial. Além disso, a economia mostra resiliência, com o PIB do 1T25 crescendo 1,4% t/t, impulsionado pelo setor agropecuário. Por outro lado, componentes cíclicos do PIB começam a desacelerar devido aos efeitos defasados da política monetária. Mais adiante, pagamentos de precatórios e crédito consignado ainda deverão estimular o consumo das famílias. Projetamos um crescimento do PIB de 2,0% em 2025.

As duas últimas leituras do IPCA indicam melhora, com a inflação anual recuando de 5,5% a/a em abril para 5,3% a/a em maio. Ainda assim, ela permanece muito acima do topo da meta. A política fiscal segue compatível com a meta de 2025, mas ainda é estimulativa. Contudo, todo o imbróglio das últimas semanas envolvendo o IOF evidencia a dificuldade do Governo em cumprir a meta fiscal apenas aumentando a receita, enfrentando forte oposição do Congresso.

Na reunião de junho, o Copom elevou a taxa Selic para 15,00% e sinalizou uma pausa no ciclo de alta para verificar os impactos acumulados do ajuste já realizado, ressaltando a manutenção da Selic em 15,00% por período bastante prolongado. Achamos que o próximo passo do Copom será iniciar um ciclo de cortes da Selic somente a partir do 2T26.

No câmbio, há drivers positivos no curto prazo: fraqueza global do dólar devido a incertezas sobre a política tarifária americana, sólida balança comercial, influxo de investimentos e diferencial positivo de juros. No médio prazo, porém, devem voltar a pesar os riscos geopolíticos, dúvidas sobre o crescimento global — elementos que tendem a pressionar moedas emergentes — e incertezas fiscais, as quais trarão nova elevação do prêmio de risco. Assim, vemos o dólar a R$ 5,90 ao fim de 2025.

Pontos de Atenção

    Como vetores de apreciação do real brasileiro frente ao dólar, temos o enfraquecimento global do dólar devido às tarifas americanas, o aumento no diferencial de juros (Fed Funds com apenas um corte e Selic parada até 2T26), além de fortes fluxos comerciais e investimento no país em 2025. Como vetores de depreciação do real brasileiro frente ao dólar, temos quadro de crescimento global anêmico, riscos geopolíticos globais e dúvida quanto à natureza da fraca e lenta consolidação fiscal doméstica.

Vemos o dólar voltando a 5,90 em 2025

Projeção do dólar (USD/BRL)

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Fonte: Rabobank, Bloomberg

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