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Rabobank Agroinfo Junho 2025Pesquisa
Milho - Agroinfo Junho 2025
Segundo o Cepea, o Indicador do Milho Esalq caiu 23% desde março de 2025. Além da mudança nos fundamentos locais, a valorização cambial também contribuiu para o recuo dos preços do milho nos últimos três meses.

Preços de milho apresentam contração pelo terceiro mês
Em março de 2025, os preços do milho no Brasil atingiram o maior patamar do ano. Esse movimento foi impulsionado pelas incertezas relacionadas à safrinha 2024/25, aliadas à expectativa de aumento no consumo doméstico, o que sustentou a valorização no mercado interno. No entanto, em 31 de março, a divulgação da perspectiva de uma área recorde destinada ao cultivo de milho nos Estados Unidos para a safra 2025/26 exerceu pressão sobre as cotações internacionais, refletindo também no mercado brasileiro. Adicionalmente, as chuvas registradas em abril elevaram as projeções de produtividade no campo, contribuindo para uma queda significativa nos preços do cereal. Nesse contexto, os fundamentos já apontavam para um cenário de preços mais baixos.
A confirmação de um caso de gripe aviária em uma granja comercial no Rio Grande do Sul intensificou ainda mais esse movimento de baixa no mercado interno. Vale destacar que, no Brasil, mais de 60% da produção total de milho é destinada ao consumo doméstico. Segundo dados do Cepea, o Indicador do Milho Esalq registrou uma retração de 23% em relação aos níveis observados em março de 2025. Além da mudança nos fundamentos locais, a valorização cambial também contribuiu para o recuo dos preços do milho nos últimos três meses.
Os produtores aproveitaram os excelentes preços do milho durante o primeiro trimestre (Q1) e avançaram na comercialização da safra 2024/25. De acordo com dados do IMEA, a comercialização do milho atingiu 51%, 15 pontos percentuais acima do registrado no ano passado. No entanto, esse percentual ainda está 10 pontos abaixo da média dos últimos cinco anos.
Vale lembrar que o avanço da colheita do milho safrinha deverá pressionar ainda mais as cotações do cereal no Brasil. Outro fator que poderá enfraquecer os preços é a expectativa de uma safra recorde nos Estados Unidos. Em seu último relatório, o USDA projetou uma produção total de 402 milhões de toneladas de milho para o ciclo 2025/26, um aumento de 24 milhões de toneladas em relação à safra anterior. Com isso, espera-se uma recomposição dos estoques de milho em território norte-americano. Se, por um lado, é esperada essa recomposição nos EUA, por outro, projeta-se uma redução na relação estoque/consumo em nível global. Ainda assim, o aumento da oferta entre os três principais exportadores de milho poderá pressionar as cotações do cereal a partir do segundo semestre. Além disso, a valorização do real frente ao dólar poderá favorecer as exportações norte-americanas do produto.
Pontos de Atenção
No Brasil, a colheita do milho safrinha alcançou 4% da área total em 14 de junho, representando um atraso de 4 pontos percentuais em relação à média dos últimos cinco anos. As chuvas previstas para o Paraná podem reduzir o ritmo da colheita no estado.
No acumulado do ano, o consumo de milho para a produção de etanol nos primeiros cinco meses de 2025 alcançou 8,6 milhões de toneladas, representando um aumento de 17% em relação ao mesmo período do ano anterior. A expansão da produção de etanol de milho tem impulsionado a demanda interna pelo cereal.
Preços de milho caem 23% desde Março-25
Preços em Chicago vs. Campinas, junho 2023 - junho 2025

Relação Estoque/Consumo mundial, 2017/18 – 2025/26e
