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Rabobank Agroinfo Junho 2025Pesquisa
Café - Agroinfo Junho 2025
Apesar do início do inverno no Brasil, da queda nas exportações brasileiras e das tensões geopolíticas, os preços de café seguem pressionados devido ao alívio na oferta, especialmente com o avanço da colheita brasileira.

Alívio na oferta pressiona preços
Após a forte valorização no início do ano, com o arábica superando US¢ 430/lp em Nova Iorque, os preços do café começaram a recuar nas últimas semanas. Em junho, o arábica caiu 7%, e o robusta, negociado em Londres, recuou 10% em relação ao mês anterior.
Mesmo com o início do inverno no Brasil — que eleva o risco de geadas —, a redução nas exportações brasileiras e as tensões geopolíticas que impactam o trânsito de café pelo Mar Vermelho, os preços seguem em queda, especialmente em junho.
No começo do ano, estoques limitados e oferta restrita sustentavam os preços diante de uma demanda firme. Os resultados preliminares de nossa pesquisa indicam que, embora os estoques brasileiros permaneçam apertados, os produtores detêm atualmente mais café do que a média histórica. Além disso, o bom andamento da colheita 2025/26 no Brasil, estimada em 62,8 milhões de sacas (com safra recorde de conilon, em 24,7 milhões), vem trazendo alívio ao mercado. Apesar da queda de 6% na produção brasileira em 2025/26, a expectativa de alívio na oferta global futura, diante de uma demanda incerta, vem contribuindo para a pressão baixista.
Enquanto isso, outros países produtores mostram sinais de recuperação: entre janeiro e abril, Colômbia, Honduras, Uganda e Indonésia aumentaram suas exportações em 16%, 49%, 7% e 138%, respectivamente. O Vietnã, apesar de uma queda anual de 1%, teve alta de 86% nas exportações em maio, indicando recuperação.
A demanda, por outro lado, preocupa. No Brasil, as vendas de café nos supermercados brasileiros caíram 5% entre janeiro e abril de 2025 em relação ao mesmo período de 2024, segundo a ABIC (Associação Brasileira da Indústria do Café). No varejo brasileiro, os preços do café subiram cerca de 50% nos últimos 12 meses, com o quilo atingindo R$ 65,50 em abril de 2025. Diante desse cenário, não se descartam novos aumentos no curto prazo.
No curto prazo, os preços devem seguir voláteis. Os estoques continuam baixos, o inverno brasileiro está apenas começando, e as incertezas geopolíticas e tarifárias (americanas) permanecem. A entrada da nova safra brasileira traz certo alívio ao mercado, mas o clima seguirá como um fator decisivo nos próximos meses. Qualquer ameaça à próxima safra de café — especialmente no Brasil — pode reverter essa tendência de alívio.
Pontos de Atenção
Após atingirem posições líquidas compradas próximas dos recordes em fevereiro, os fundos não comerciais em Nova Iorque reduziram suas posições pela metade em junho, pressionando as cotações do café. Esses movimentos devem continuar trazendo volatilidade ao mercado, diante do cenário incerto.
Em maio, o Brasil exportou 3 milhões de sacas de café (60 kg), uma queda de 33% em relação a maio de 2024. No acumulado de janeiro a maio, as exportações somaram 16,8 milhões de sacas, 19% abaixo do mesmo período do ano passado. A retração, já esperada devido aos estoques limitados, pode se manter no curto prazo.
Alívio na oferta pressiona preços
Preços de café no Brasil junho 2023 – junho 2025

Produção de café - Brasil 2020/21 – 2025/26(p)
