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Algodão - Agroinfo Junho 2025

7 janeiro 2018 17:02 RaboResearch

Em junho de 2025, os preços domésticos subiram 13% em relação ao ano anterior, enquanto os preços em Nova York (ICE) recuaram 9%. A firme demanda externa e os prêmios positivos foram determinantes para esse descolamento entre os mercados.

Intro

Mais uma safra recorde a caminho

Nos últimos dez meses, as exportações brasileiras de pluma de algodão apresentaram crescimento de 9% em relação ao mesmo período do ano anterior. Esse desempenho foi impulsionado por uma combinação de fatores estruturais e conjunturais: a colheita recorde da safra 2023/24, a retração das exportações norte-americanas e o agravamento das tensões comerciais entre Estados Unidos e China. Esses elementos reforçaram a competitividade da pluma brasileira no mercado internacional.

Com esse avanço, o Brasil deve se consolidar, pelo segundo ano consecutivo, como o maior exportador global de algodão. A expansão das exportações contribuiu para a valorização dos preços no mercado interno, mesmo diante da tendência de baixa nas cotações internacionais. Em junho de 2025, os preços domésticos registraram alta de 13% em relação a junho de 2024, enquanto os preços na bolsa de Nova York (ICE) recuaram 9% no mesmo intervalo. A firme demanda externa e os prêmios positivos foram determinantes para esse descolamento entre os mercados.

Para a safra 2024/25, a confirmação de um aumento de 6% na área plantada, aliada a condições climáticas majoritariamente favoráveis, sustenta a expectativa de uma nova safra recorde.

A produção nacional está estimada em 4,0 milhões de toneladas, alta de 8% em relação à safra anterior. Contudo, algumas regiões do Norte e Nordeste enfrentaram chuvas irregulares durante o desenvolvimento das lavouras, o que pode gerar variações regionais na produtividade.

No cenário global, projeta-se leve queda na produção em 2025/26, influenciada principalmente por quedas na Índia e no Paquistão. Nos Estados Unidos, o USDA estima uma produção de 3,0 milhões de toneladas, 3% inferior à safra anterior. Desde 2023/24, a produção brasileira supera a norte-americana, reflexo da maior resiliência do setor produtivo nacional frente à volatilidade dos preços e aos eventos climáticos adversos que têm impactado os produtores norte-americanos.

Em relação ao consumo global, espera-se um leve crescimento na comparação com a temporada 2024/25. A valorização do petróleo, em decorrência da escalada dos conflitos no Oriente Médio, pode favorecer o consumo de fibras naturais, como o algodão, em detrimento das fibras sintéticas. Nesse contexto, projeta-se uma leve contração de 1% nos estoques globais ao final do ciclo 2025/26. Apesar da redução marginal nos estoques globais, não há expectativa de uma recuperação significativa nos preços da pluma na ICE no curto prazo.

Pontos de Atenção:

    De acordo com o IMEA, a comercialização da pluma referente à safra 2024/25 atingiu 63%, representando um avanço de 3 pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano passado. No entanto, esse percentual ainda está 8 pontos abaixo da média dos últimos cinco anos. A colheita do algodão teve início no começo de junho, e o clima seco deverá favorecer o avanço das atividades no campo nas próximas semanas. Segundo a Conab, a colheita atingiu 3% na última semana.

Preços: Brasil resiste à queda em Nova Iorque

Preço em Nova Iorque (NY) vs. Mato Grosso, junho 2023 – junho 2025

Fig 11
Fonte: Bloomberg

Relação Estoque/Consumo mundial, 2017/18 – 2025/26e

Fig 12
Fonte: USDA

Disclaimer

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