Leite - Agroinfo Junho 2025

Crescimento da oferta deve levar a preços menores

A produção de leite no Brasil segue em expansão. Segundo o IBGE, a captação industrial cresceu 4,5% no primeiro trimestre de 2025 em relação ao mesmo período de 2024. A expectativa é de que o segundo trimestre mantenha essa trajetória positiva, impulsionado por margens elevadas para os produtores, o que deve resultar em nova alta.

De acordo com o MilkPoint Mercado, as margens dos produtores permanecem em níveis elevados. O indicador de receita menos custo de alimentação por vaca atingiu R$ 37 em maio, superando os R$ 34 registrados no mesmo mês de 2024. Os preços pagos ao produtor continuam altos, enquanto os preços dos grãos seguem comportados, com ampla oferta no mercado interno — fatores que têm favorecido a rentabilidade da atividade leiteira no país.

Por outro lado, a demanda interna avança de forma gradual, mas ainda sem o dinamismo necessário para sustentar novas altas nos preços dos lácteos, especialmente diante do aumento da oferta. Apesar do baixo nível de desemprego, o crescimento da renda real em 2025 tem sido inferior ao observado em 2024. Diante desse cenário, é provável que os preços pagos ao produtor sofram uma leve queda no terceiro trimestre de 2025.

No mercado internacional, após as altas observadas nos preços durante os primeiros cinco meses de 2025, o aumento da oferta em grandes regiões produtoras — como Europa, Estados Unidos e América do Sul — deve pressionar as cotações das commodities lácteas no terceiro trimestre. Segundo projeções do RaboResearch, a produção global deve crescer 1,4% em litros nesse período, o maior ritmo desde o início de 2021.

Ao mesmo tempo, a demanda global segue impactada por um crescimento econômico mais fraco, reflexo de juros ainda elevados, incertezas quanto aos efeitos de tarifas comerciais e volatilidade geopolítica em diversas regiões do mundo. A combinação de oferta em expansão e demanda menos dinâmica tende a resultar em um recuo moderado nos preços dos produtos lácteos ao longo do terceiro trimestre de 2025.

As importações brasileiras também devem permanecer em níveis elevados, favorecidas por um real mais valorizado e pela queda nos preços internacionais. Nos primeiros cinco meses do ano, as compras externas cresceram 1% em volume e 9% em valor. Por outro lado, as exportações seguem pouco competitivas diante do atual patamar do câmbio e dos preços internos do leite — cenário que não deve apresentar mudanças significativas no curto prazo.