Pesquisa

Proteína Animal - Perspectivas 2026

17 outubro 2025 18:02 RaboResearch

O mercado de proteína animal no próximo ano segue em ambiente de volatilidade, impactado por questões climáticas, geopolíticas, riscos sanitários e pelo poder de compra da população. Barreiras comerciais e/ou sanitárias seguem como os principais desafios para o setor de exportação, por conta da baixa previsibilidade e do alto potencial disruptivo, mesmo com os avanços ligados à regionalização com importantes parceiros comerciais. As exportações das carnes bovina, suína e de frango devem ter por mais um ano, a oportunidade de elevar os embarques não só em volume, como em faturamento, principalmente a carne bovina, devido à expectativa de queda na oferta global.

Intro

Boi

Ciclo de retenção de fêmeas projeta valorização do boi gordo

A produção brasileira de carne bovina deve registrar retração em 2026, após três anos de abates intensos de fêmeas, os quais têm resultado em quedas históricas tanto no rebanho de vacas quanto na produção de bezerros. O RaboResearch projeta forte retração na produção de carne bovina, de 5% a 6% em relação a 2025, totalizando 10,5 milhões de toneladas em equivalente carcaça. Essa queda reflete a menor oferta de animais, tanto de machos quanto de fêmeas, e o foco dos criadores na recomposição dos rebanhos, com os preços dos bezerros dando sinais de recuperação mais consistentes.

Os impactos da queda na oferta de bezerros devem sustentar preços maiores do boi gordo pelo menos até 2028, impactando diretamente a oferta de gado terminado, pronto para abate.

Apesar da retração na produção, os níveis de demanda – especialmente do mercado externo – continuam elevados. A taxa de ocupação dos confinamentos segue em alta, com crescimento de 18,5% em outubro frente ao mesmo mês de 2024. A manutenção de preços mais baixos para ração e reposição animal tem favorecido a rentabilidade dos sistemas intensivos, sustentando a oferta de animais confinados no curto prazo.

No mercado interno, os preços do boi gordo vêm se valorizando desde o segundo semestre de 2025. Em outubro, a arroba ultrapassou BRL 330 nos contratos futuros para fevereiro de 2026, sinalizando uma expectativa de alta de até 10% frente ao mercado físico.

A valorização é sustentada pela menor oferta e pela firme demanda, mas pode enfrentar resistência no varejo, onde o consumo de carnes mais baratas, como frango e suíno, deve ganhar espaço.

As exportações seguem em ritmo acelerado. Até setembro de 2025, o Brasil exportou 2,4 milhões de toneladas de carne bovina, um recorde histórico, tanto para o mês quanto para o volume acumulado, que registrou crescimento de 16% em volume e 35% em receita, frente ao mesmo período do ano anterior.

A China permanece como principal destino, responsável por 47% das compras, seguida pelos Estados Unidos, com 219 mil toneladas. No entanto, a imposição de tarifas adicionais pelos EUA – que chegaram a 76,4% – já tem provocado quedas nos últimos dois meses, apesar da alta ainda de 49% nos embarques acumulados neste ano, no comparativo anual.

A concentração das exportações em poucos mercados, especialmente China e EUA, representa um risco estratégico. Juntos, esses países respondem por mais de 59% da receita gerada pelas exportações brasileiras de carne bovina. Qualquer mudança nas políticas comerciais ou sanitárias pode impactar fortemente o setor. A China, por exemplo, ainda mantém estoques confortáveis e pode desacelerar as compras no curto prazo.

Por outro lado, a forte aceitação da carne brasileira entre os consumidores chineses, que têm migrado para cortes mais acessíveis, pode sustentar a demanda mesmo em um cenário de menor crescimento econômico, principalmente por conta dos preços altamente competitivos da proteína brasileira.

A disputa comercial entre EUA e China, que pode se intensificar após as eleições americanas, também é um fator de atenção. A possibilidade de uma nova rodada de tarifas ou restrições pode afetar diretamente os embarques brasileiros, exigindo maior cautela dos exportadores.

A diversificação de mercados, com foco em países como México, Rússia, Egito e Filipinas, tem avançado, mas ainda não compensaria a dependência dos dois principais destinos.

No cenário climático, a confirmação do fenômeno La Niña no último trimestre de 2025 pode impactar o potencial de engorda da produção extensiva. A previsão de chuvas abaixo da média no Sul do Brasil e excesso de precipitação no Centro-Oeste e Matopiba, poderia impactar negativamente a recuperação das pastagens e comprometer a engorda a pasto na primeira metade do ano. A qualidade das pastagens deve melhorar com o início das chuvas no último trimestre, mas o risco de invernadas e déficit hídrico permanece elevado nessas regiões.

A possibilidade de negociação de uma tarifa reduzida ou ampliação da cota de exportação para o Brasil nos EUA poderia mitigar parte dos impactos negativos e abrir novas oportunidades. Assim como o anúncio do fim das investigações de salvaguarda para importação de carne bovina pela China, no dia 26 de novembro deste ano, pode trazer novas barreiras ou limitações através de cotas para a carne bovina brasileira. Ou seja, o ambiente de instabilidade com os dois principais importadores do Brasil deve se manter, apesar das expectativas de menos surpresas negativas com esses mercados por conta da atual situação.

Maior atenção à tendência de recuperação dos preços do boi gordo, principalmente a partir do segundo trimestre de 2026, pois, em um cenário mais adverso de aplicação de novas tarifas pela China e manutenção das tarifas de importação dos EUA, pode ser um fator de pressão negativa nessas cotações.

Outro ponto importante é o acordo com a UE (EUDR), que visa regulamentar a entrada de carne bovina ao bloco que estão ligados ao desmatamento, legal ou ilegal. Indefinições ligados a questões operacionais técnicas e econômicas, podem criar mais oportunidades para mais pecuaristas se adequarem às exigências, principalmente os pequenos e médios. Mas também abre oportunidades para mercados como Japão – que podem habilitar a carne bovina brasileira já no curto prazo – concorrer o acesso a um volume que tem sido direcionado até então ao mercado europeu.

No mercado doméstico, a recuperação do consumo observada desde 2023 deve perder força em 2026. A queda na oferta e a valorização da arroba devem limitar o acesso da população à carne bovina, especialmente em um contexto de poder de compra ainda fragilizado. Projetamos queda de 8 a 9% no consumo per capita de carne bovina, que deve cair para próximo de 30 kg por habitante por ano.

Em resumo, 2026 será um ano de ajustes para a pecuária bovina brasileira. A menor oferta, os desafios climáticos e a volatilidade comercial exigem estratégias mais sofisticadas de gestão de risco, diversificação de mercados e investimentos em qualidade e rastreabilidade. O Brasil segue como protagonista global, mas precisará reforçar sua resiliência para manter a competitividade em um ambiente cada vez mais complexo.

Pontos de Atenção:

    A expectativa de preços maiores para a carne bovina nos próximos meses deve elevar a competitividade das proteínas mais baratas, o que deve interromper a sequência de recuperação do consumo per capita de carne bovina, que se iniciou em 2023.

    A Copa do Mundo de Futebol e a eleição presidencial devem favorecer, temporariamente, o poder de compra de parte da população, o que pode ser um fator de sustentação dos preços da carne bovina no mercado doméstico.

Indicador do boi gordo

Fig 29
Fonte: ABIEC, Bloomberg, Cepea, Secex, Rabobank

Relação de troca boi gordo x bezerro

Fig 30
Fonte: ABIEC, Bloomberg, Cepea, Secex, Rabobank

Produção brasileira de carne bovina

Fig 31
Fonte: ABIEC, Bloomberg, Cepea, Secex, Rabobank

Exportações brasileiras de carne bovina

Fig 32
Fonte: ABIEC, Bloomberg, Cepea, Secex, Rabobank

Suínos

Demanda externa deve impulsionar oferta por mais um ano

As variáveis que vão manter a volatilidade do mercado global de suínos em 2026 devem ser uma continuação do que tem sido observado neste ano. Questões ligadas à biossegurança, geopolítica e clima continuarão com elevado potencial disruptivo apesar da maior previsibilidade em relação ao ano anterior. No mercado brasileiro, a eleição presidencial, que deve ocorrer em outubro, deve ser a principal mudança no lado da demanda doméstica, basicamente por conta do aumento temporário no poder de compra de uma parcela da população, o que deve ser fator de sustentação nos preços das carnes em geral na segunda metade do ano que vem. O câmbio também merece destaque, pois a tendência de desvalorização do real frente ao dólar, principalmente na segunda metade de 2026, no período sazonal de maior demanda externa, deve ser fator adicional de competitividade para carne suína brasileira.

Dessa forma, projetamos um novo recorde na oferta de carne suína, com crescimento de 2 a 3% no comparativo anual, guiados principalmente pela demanda externa, que também deve atingir novo recorde, com alta de 3 a 4%.

A questão sanitária ligada à Peste Suína Africana (PSA), por mais um ano, deve se manter como foco de atenção para o setor produtivo, principalmente na Europa e Ásia, com a chegada das estações mais frias. Nos javalis selvagens, Polônia, Alemanha, China e Vietnã seguem liderando o número de casos ativos, enquanto nas granjas comerciais, a Romênia, China, Vietnã e Filipinas têm sido as regiões mais afetadas. Em julho 2025, a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) publicou novas diretrizes que definem critérios mínimos de qualidade e eficácia para as vacinas serem aprovadas para uso comercial. Basicamente, devem garantir a redução na gravidade dos sintomas, impedir a transmissão do vírus e proteger os animais de forma segura. Atualmente a vacina do Vietnã tem registrado os melhores resultados e se tornado uma das principais opções no sudoeste da Ásia. Com relação à Síndrome Reprodutiva e Respiratória dos Suínos (PRRSv), que tem afetado severamente a América do Norte e a Europa, as opções de vacinas (inativadas ou vivas modificadas) ainda não têm tido níveis de eficiência satisfatórios. Outra possibilidade, que tem ganhado visibilidade, é a edição genética, que foi aprovada pelos EUA neste ano, na qual foi desenvolvida uma linhagem de suínos geneticamente editados para serem resistentes ao PRRSv. A expectativa é de que a comercialização seja liberada a partir de 2026, com países como Brasil, Colômbia e República Dominicana emitindo pareceres positivos sobre essa alternativa.

No campo da geopolítica, a questão tarifária entre EUA e China merece atenção pelas oportunidades que podem gerar para o Brasil de elevar o fornecimento de carne suína in natura e de miúdos ao gigante asiático. O ambiente de instabilidade entre os mercados deve se manter, apesar da recente aprovação pela China de 23 novas plantas dos EUA para exportação de carne suína. Ainda com relação à China, a imposição das tarifas antidumping provisórias para importação de carne suína da UE, que vão desde 15,6% até 62,4%, deve reduzir a competitividade de importantes fornecedores da China, como Espanha, Países Baixos e Dinamarca, e favorecer a carne suína e os miúdos do Brasil.

Vale ressaltar que a China representa cerca de 25% das exportações de carne suína da UE, sendo metade desse volume apenas de miúdos, o que a torna a principal região fornecedora. Para o Brasil, o novo status reconhecido pela OMSA neste ano como país livre de febre aftosa sem vacinação pode elevar o potencial de exportação de miúdos suínos para a China e outras regiões da Ásia, com a possibilidade de habilitação do Rio Grande do Sul e do Paraná, juntamente com Santa Catarina.

No mercado chinês, a estratégia do governo de pedir aos 25 maiores processadores de suínos da China para reduzir em cerca de 1 milhão de cabeças o rebanho de matrizes de setembro 2025 a janeiro de 2026, o que representa cerca de 2,5% do rebanho total de 40 milhões de cabeças, deve elevar os estoques locais e pressionar os preços de toda a cadeia até meados do segundo semestre de 2026. A partir desse período, a redução dos estoques e a perda do potencial de oferta pode elevar a demanda chinesa no mercado externo e favorecer os embarques do Brasil.

Dessa forma, projetamos que as importações chinesas devem se manter estáveis em 2026, com volumes próximos de 2 milhões de toneladas, sendo metade de carne suína in natura e a outra metade de miúdos. Já a produção de carne suína deve registrar queda de 1 a 3% no comparativo anual, resultado da perda de potencial da produção de leitões.

Com relação às Filipinas, que têm se consolidado como principal importador da carne suína brasileira, representando 25% do total embarcado, os desafios ligados à PSA têm reduzido fortemente o rebanho e, consequentemente a produção de carne suína. Dados oficiais mostram queda de cerca de 6% na oferta no primeiro semestre deste ano, resultado da queda no rebanho suíno, que atingiu o menor patamar desde 2019, com 9 milhões de cabeças. Apesar das expectativas de leve melhora na produção no próximo ano, os níveis de demanda devem se manter sustentados, o que deve resultar em bons volumes de compras do Brasil. Outros mercados, como Chile, Japão, Hong Kong, México e Vietnã também devem manter um ambiente de oportunidades para mais avanços em 2026.

No mercado local, os preços do suíno vivo têm se sustentado em torno de BRL 8,00 a BRL 9,00/kg vivo, o que mostra que, mesmo com as quedas nos preços da ração, as cotações têm se sustentado em um novo patamar devido aos níveis de demanda acima da oferta. Para 2026, os preços do milho podem registrar períodos de valorização, principalmente na entressafra entre o Q1 e Q2 de 2026, e, na segunda metade do ano, um cenário de pressão nos preços pela colheita da safrinha. Já o farelo de soja, devido aos estoques mais elevados, pode ter um cenário de pressão negativa nos preços, o que deve resultar em preços da ração mais estáveis, principalmente na primeira metade do ano. O uso de DDGs, vindo das plantas de biodiesel de etanol, também tem se tornado uma opção de formulação de ração mais barata para algumas regiões.

A carne suína também deve se beneficiar da possível alta projetada nos preços da carne bovina no segundo semestre de 2026, com parte da população migrando para proteínas mais acessíveis. A combinação dos eventos da Copa do Mundo de futebol e da eleição presidencial deve ser um fator positivo de demanda entre julho e novembro 2026.

Pontos de Atenção:

    Os riscos sanitários globais, tanto pela PSA como pela PRRSv, devem continuar sendo um dos maiores pontos de atenção do setor produtivo, mas também, devem continuar trazendo oportunidades para as exportações brasileiras, devido à alta competitividade no mercado internacional.

    A recente habilitação para o comércio de mesentério e papada congelados de suíno – matérias-primas para a produção de embutidos e alimentos processados – nas Filipinas, deve ser um fator adicional de demanda para a carne suína brasileira em 2026.

Preço da carne suína – atacado SP

Fig 33
Fonte: CEPEA, Bloomberg, USDA, Rabobank

Preço do suíno vivo e do milho - PR

Fig 34
Fonte: CEPEA, Bloomberg, USDA, Rabobank

Produção brasileira de carne suína

Fig 35
Fonte: CEPEA, Bloomberg, USDA, Rabobank

Exportações brasileiras de carne suína

Fig 36
Fonte: CEPEA, Bloomberg, USDA, Rabobank

Frango

Demanda em alta mantém crescimento da carne de frango

A tendência de crescimento na oferta global de carne de frango deve se consolidar por mais um ano em 2026, com a expectativa dos principais países produtores mantendo o ritmo de aumento por mais um ano. Os Estados Unidos devem incrementar a oferta em 1,6% no comparativo anual, a China em 2,5%, a UE entre 1,5 a 2% e o Brasil em 2% no mesmo período.

Questões sanitárias ligadas à Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) devem se manter como principal desafio do lado da oferta, e com alto potencial disruptivo devido ao baixo grau de previsibilidade, mesmo com este vírus já tendo atingindo uma granja comercial e causado suspensão temporária para alguns mercados. A persistência da cepa H5N1 nos EUA eleva a diversidade genética do vírus, o que pode resultar em nova linhagem com maior potencial de dispersão e de impacto econômico.

Com isso, a migração sazonal das aves vindas da América do Norte, que já está ocorrendo, deve ser ponto de atenção por mais um ano, por conta dos riscos de contaminação com novas cepas.

Os investimentos em pesquisa e desenvolvimento de uma vacina comercial com padrões mínimos de eficiência seguem avançando em todo o globo, porém, a decisão sobre do uso de vacinas como forma de reduzir o número de transmissões ainda traz incertezas para a maior parte dos países importadores de aves. O Brasil segue optando por usar protocolos de prevenção e eliminação de possíveis focos, em vez da vacinação, principalmente por conta dos riscos comerciais.

Para 2026, as projeções de aumento na oferta de importantes exportadores devem também elevar a competitividade frente a alguns mercados. Nos Estados Unidos, é esperado que os volumes de exportação de carne de frango se recuperem após a provável queda que deve ocorrer este ano.

O México, principal mercado importador dos Estados Unidos, tem adotado uma estratégia de redução da dependência da carne de frango norte-americana, diante do cenário de instabilidade por conta das tarifas de importação aplicadas pela atual gestão. E o Brasil tem se posicionado como um grande fornecedor para este mercado, registrando crescimento de 70% no volume embarcado até setembro 2025, no comparativo anual. Com isso, o México se tornou o terceiro maior importador nesse último mês e o quinto maior destino no acumulado do ano da carne de frango brasileira. Com preços mais competitivos, recuperar a demanda mexicana será mais desafiador para os EUA mesmo com a expectativa de melhora na oferta no próximo ano.

Além do México, mercados como as Filipinas, Coréia do Sul e Japão também devem ver maior concorrência com o incremento de oferta dos Estados Unidos.

Com relação ao mercado chinês, além da maior disponibilidade de carne de frango no mercado externo, o aumento esperado da produção no mercado local também deve manter a tendência de queda nos embarques do Brasil por mais um ano. Vale ressaltar que o provável acordo de regionalização e retomada dos embarques para a China da carne de frango brasileira deve ocorrer no curto prazo, e um efeito compensatório nas importações pode ocorrer e amenizar a forte queda nas exportações que têm ocorrido este ano.

Até setembro de 2025, as compras chinesas têm caído 36% no comparativo anual, posicionando-se como quarto maior destino.

No acumulado de janeiro a setembro, as exportações totais brasileiras, apesar da retomada no volume do último mês, que registrou aumento de 23% em relação a agosto, ainda estão 3,5% menores em volume e 4% em faturamento. Com todos os principais mercados sinalizando retorno das compras, inclusive China e UE, os embarques devem continuar fortes até o final do ano, o que pode igualar o volume recorde exportado no ano anterior.

Dados parciais até a terceira semana de outubro indicam um significativo aumento de 23% nos embarques diários. Com a provável queda da oferta global de carne bovina no próximo ano, a competitividade das proteínas mais baratas deve se intensificar, e, nesse sentido, a carne de frango brasileira deve estar bem posicionada por mais um ano o que deve resultar em novo recorde de exportação, com aumento de 2 a 3% em relação a 2025.

O consumo doméstico segue como principal destino da produção, representando cerca de 65% do total. A oferta interna deve alcançar 10,1 milhões de toneladas, o que permitirá uma disponibilidade per capita de cerca de 49 kg por habitante, reforçando o papel da carne de frango como alternativa acessível frente às demais proteínas.

Esse crescimento é impulsionado por fatores como o preço competitivo, a estabilidade na oferta de insumos e a preferência do consumidor por produtos de preparo rápido e valor nutricional elevado. Apesar do aumento esperado na produção, o setor enfrenta desafios relacionados à volatilidade dos custos de produção e à necessidade de investimentos em tecnologia e rastreabilidade.

A tendência é de manutenção da competitividade frente às carnes bovina e suína, especialmente em um contexto de poder de compra limitado da população. Com isso, o setor avícola brasileiro entra em 2026 com fundamentos sólidos, apoiado por uma demanda interna consistente, capacidade produtiva elevada e políticas públicas voltadas ao fortalecimento da indústria processadora.

Os eventos da Copa do Mundo de futebol e as eleições presidenciais devem favorecer o consumo em geral das carnes de julho a novembro, principalmente por conta do maior número de encontros sociais e também pelo aumento temporário do poder de compra de parte da população por conta do fundo eleitoral de cerca de BRL 4,9 bilhões, onde parte desse volume tem se transformado em consumo de alimentos, incluindo as carnes.

Em resumo, 2026 deve ser mais um ano de expansão recorde na produção de carne de frango, com novo potencial de mais um recorde também no volume embarcado. O consumo local deve ter destaque pelos ganhos de competitividade, principalmente na segunda metade do próximo ano.

Pontos de Atenção:

    Apesar da expectativa de bons preços para a ração em 2026, os riscos climáticos ligados ao La Niña podem impactar a produtividade dos grãos e afetar as cotações desse insumo, bem como impactar negativamente a entrega de animais para abate e a produção de pintinhos, principalmente na região Sul do país.

    A expectativa de aumento na competitividade em relação à carne bovina deve elevar o potencial da demanda doméstica já no início de 2026.

Preço da carne de frango – atacado de SP

Fig 37
Fonte: CEPEA, Bloomberg, USDA, Rabobank

Preço do frango vivo e do milho

Fig 38
Fonte: CEPEA, Bloomberg, USDA, Rabobank

Produção brasileira de carne de frango

Fig 39
Fonte: CEPEA, Bloomberg, USDA, Rabobank

Exportações brasileiras de carne de frango

Fig 40
Fonte: CEPEA, Bloomberg, USDA, Rabobank

Disclaimer

As informações e opiniões contidas neste documento são meramente indicativas e apenas para fins de discussão. Quaisquer transações descritas e/ou ideias comerciais contidas neste documento não poderão resultar em nenhum direito. Este documento é apenas para fins informativos e não constitui, nem deve ser interpretado como, uma oferta, convite ou recomendação. Ver mais